Por que considerar questões de raça em processos de avaliação?

Para começo de conversa, vejamos dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):
-No Brasil, pessoas pretas e pardas representam 56% da população brasileira.
-Entre as taxas de analfabetismo, 4,2% são pessoas brancas e 9,9% pretas ou pardas.
-Em termos de rendimento médio/trabalho, R$2.814 estão “nos bolsos” de pessoas brancas, R$1.606 pardas, R$1.570 pretas.
-Com relação à taxa de desocupação na população brasileira, 9,5% brancas, 14,5% pardas e 13,6% pretas.
Sem contar os índices de violência, assassinatos, encarceramento nas quais as estatísticas também demonstram maior vulnerabilidade para mulheres e homens negros, já é possível observar que uma pesquisa com boa qualidade deve considerar questões raciais. Por isso, para a Move Social, que está ampliando seu conhecimento nos aspectos de gênero e raça, é urgente construir perspectivas de uma avaliação que construa olhares para a equidade estando conectada a um ideal de transformação. O time tem identificado alguns atravessamentos e necessidades das organizações para construir avaliações que produzam sentidos para todas as partes envolvidas e que também estejam à serviço da equidade.
Nossos avaliadores e consultores atuam em resposta às demandas avaliativas das organizações, que buscam promover transformações na vida das pessoas de uma comunidade por meio de projetos que visam o impacto social. Nesses processos, temos visto o quanto a mudança precisa unir vários elos, pois se trata de um sistema complexo, no qual cada ator social é uma ligação, que interfere no entrelaçamento entre eles, além de considerar que as outras conexões como empresas, academia, governo e organizações da sociedade civil são fundamentais para uma sociedade antirracista.
Somos uma empresa que realiza avaliações e planejamento estratégico como meios de ampliar e qualificar o impacto social das iniciativas. Nós estamos empenhados a aprender. No entanto, o caminho está sendo pavimentado por ações concretas, como construção e implementação de uma política de ação afirmativa desde 2019 com contratações exclusivas para pessoas negras e formação para equipe com centralidade no letramento racial e de gênero.
Temos especialidade no campo da avaliação e reconhecemos que também faz parte de uma perspectiva antirracista reconhecer e aprender com organizações pretas, como CRIOLA, CEERT, Amma Pisqué e intelectuais negras e negros que foram e são faróis para grande parte das reflexões feitas no âmbito institucional.
Nos motiva muito uma avaliação que apoia uma leitura sobre o potencial de transformação social das iniciativas nas perspectivas estruturais. E, passo a passo, vamos elaborando nossas metodologias. Para uma avaliação antirracista devemos considerar três aspectos:
*O mito do universal X O mito do específico a equidade racial deve ser um horizonte comum a todas as pessoas)
*Podemos falar em impacto social quando não consideramos as desigualdades estruturais? (racismo é estrutural)
*Uma avaliação antirracista deve ser construída apenas por pessoas negras? ( Não! Mas também não pode ser construída apenas por pessoas brancas)
Cada um dos itens acima são os temas para nossos próximos conteúdos por aqui. Fique de olho!